UH nº 029/25 – SINDASP troca experiências internacionais com participação no “Fórum Global sobre a Interconectividade da Origem”, evento da OMA, na Bélgica

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São Paulo, 14 de janeiro de 2025.

SINDASP troca experiências internacionais com participação no “Fórum Global sobre a Interconectividade da Origem”, evento da OMA, na Bélgica

O SINDASP participou, nos últimos dias 3 e 4 de fevereiro de 2025, do “Fórum Global sobre a Interconectividade da Origem”, realizado pela Organização Mundial das Alfândegas (OMA), que reuniu autoridades aduaneiras, organismos internacionais e representantes do setor privado para debater a digitalização da certificação de origem e sua interoperabilidade em nível mundial.

Entre os representantes do Brasil, estiveram presentes Kelly Morgero, André Sette Camara e Frederico Fróes Fontes da RFB, ao lado do Presidente da Feaduaneiros, José Carlos Raposo Barbosa. Pelo SINDASP, Elson Isayama, Presidente, além de Marcelo de Castro, diretor de Marketing Institucional ASAPRA/SINDASP, e Yuri da Cunha representando a área de Projetos e EDUCOMEX.

No bojo do evento uma reflexão. No exato momento em que o mundo debate os impactos das barreiras tarifárias e a redefinição das cadeias globais de suprimento, o tema das regras de origem assume um papel central nas discussões sobre o futuro do comércio internacional. A certificação de origem não apenas determina a aplicação de tarifas preferenciais, mas também é um elemento-chave para garantir segurança jurídica, previsibilidade regulatória e eficiência operacional. No entanto, a persistência de processos manuais e burocráticos continua sendo um desafio significativo, impactando diretamente a competitividade das empresas e a eficácia das administrações aduaneiras.

O evento foi parte de uma série de reuniões e diálogos estratégicos em que representantes do setor público, do setor privado e da ASAPRA discutiram temas cruciais além da certificação de origem, incluindo capacitação técnica (capacity building), ventanillas únicas e outros instrumentos de cooperação, todos essenciais para impulsionar a modernização aduaneira e a facilitação do comércio.

Confira trechos do Encontro.

Abertura: Um Chamado à Modernização

A sessão de abertura contou com líderes globais do comércio internacional e da governança aduaneira, que destacaram a necessidade urgente de transição para um sistema digital integrado, baseado em confiança mútua e padrões harmonizados globalmente.

Entre os principais palestrantes estavam:

• Gael Grooby, Diretora Interina de Tarifas e Assuntos Comerciais da OMA.

• Brendan O’Hearn, Diretor Interino de Conformidade e Facilitação da OMA.

• Dr. IM Hyuncheol, Adido de Alfândega da Coreia do Sul junto à União Europeia.

• Isabel García Catalán, da Comissão Europeia – DG TAXUD A6.

• Ricardo Treviño Chapa, Secretário-Geral Adjunto da OMA.

As apresentações iniciais enfatizaram que a digitalização dos processos aduaneiros não é apenas uma evolução tecnológica, mas uma necessidade estratégica para garantir a competitividade e a segurança do comércio global. O desafio da interoperabilidade entre diferentes sistemas foi amplamente discutido, ressaltando a importância do reconhecimento mútuo dos certificados eletrônicos de origem.

Painéis de Discussão

Painel 1: A Importância da Interconectividade da Certificação de Origem

Moderador: Badr Mouchine (OMA)

Participantes:

• Louise Wiggett, CEO da Global Trade Solution.

• Ouk Chansopheap, da Aduana do Camboja.

• Aissata Koffi Yameogo, representante da CEDEAO (ECOWAS).

• Asmaa Saidi, da Administração Aduaneira do Marrocos.

Os palestrantes destacaram os avanços na digitalização da certificação de origem em diferentes regiões. ASEAN e União Europeia avançaram significativamente, enquanto países da África e da América Latina ainda enfrentam desafios regulatórios e tecnológicos.

Painel 2: O Desafio da Interconectividade

Moderadora: Sun Hwa Cho (Coreia do Sul)

Participantes:

• Nitas Polachai, da ASEAN.

• Antonino De Lorenzo, da Comissão Europeia.

• Svetlana Raudonen, da Comissão Europeia.

• Fiorella Cagnone Clavero, da Aduana do Uruguai.

• Neliswe Nxumalo, da Receita de Eswatini.

Os especialistas concordaram que blockchain e inteligência artificial são ferramentas essenciais para garantir segurança e rastreabilidade nos certificados de origem. Além disso, destacaram a necessidade de mecanismos de reconhecimento mútuo entre países e blocos econômicos.

Painel 3: Digitalização da Declaração de Origem

Moderador: Darlan F. Marti (OMC)

Participantes:

• Sebastian Agustino Macias, da Comissão Europeia.

• Martin Van Der Weide, da Câmara de Comércio dos Países Baixos.

• Chao Wu, da Administração Geral de Alfândegas da China.

• Godsway Smile Agbemenu, da Autoridade Tributária de Gana.

Foram apresentadas iniciativas como a validação automatizada de certificados via IA na China e em Gana, bem como o modelo REX da União Europeia, que permite a autodeterminação de origem pelos exportadores.

Painel 4: Ferramentas da OMA para a Interconectividade da Origem

Moderador: Brendan O’Hearn (OMA)

Participantes:

• Chunxiao Xu, OMA.

• Tejo Kusuma, Aduanas da Indonésia.

• Atsushi Tanaka, Ministério das Finanças do Japão.

• Dongeun Kim, OMA.

• Fachry R. Oemar, Agência de Janela Única da Indonésia.

• Dr. Seung Hyun Cha, UNI-PASS, Coreia do Sul.

O painel apresentou soluções tecnológicas implementadas pela OMA, incluindo ventanillas únicas e sistemas de rastreamento digital em países como Indonésia e Coreia do Sul.

Painel 5: Cooperação Global na Digitalização da Certificação de Origem

Moderadora: Gael Grooby (OMA)

Participantes:

• Kelly Morgero, Receita Federal do Brasil.

• Nelson Brens, Presidente da ASAPRA.

• Pedro Gomes Estevão, Secretaria da AfCFTA.

• Stefano Inama, UNCTAD.

• Mette Azzam, OMA.

Foi destacada a necessidade de fortalecer a cooperação público-privada e harmonizar regulamentações em países de língua portuguesa, como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Ano Verde, para facilitar sua integração ao comércio global.

Conclusão: A Digitalização Como Pilar do Comércio do Futuro

O Fórum Global sobre a Interconectividade da Origem terminou com um consenso claro: a digitalização da certificação de origem é uma necessidade urgente para garantir eficiência e transparência no comércio global.

Os compromissos assumidos incluem:

1. Promover a interoperabilidade global, garantindo o reconhecimento mútuo dos certificados eletrônicos.

2. Fortalecer o diálogo entre setor público e privado, assegurando uma transição digital eficaz.

3. Impulsionar a adoção de tecnologias avançadas, como blockchain e inteligência artificial.

Com esses avanços, a ASAPRA reafirma seu compromisso com a modernização aduaneira e a facilitação do comércio internacional. A digitalização da certificação de origem não é mais um objetivo futuro — é uma realidade que exige ação imediata e cooperação global.

No último Painel, o Presidente do SINDASP, em sua intervenção, abriu parabenizando evento e perguntando para a Representante da RFB, Kelly Morgero, sobre como muitos países mencionaram a integração do sistema de certificação de origem aos seus portais únicos e qual a previsão do Brasil também implementar essa ferramenta em seu Portal. Outro questionamento do Presidente Elson, neste Painel, foi para o Presidente da ASAPRA, Nelson Brens, que abordou bastante sobre capacitação. A Consulta foi de como ele observava a preparação dos Despachantes Aduaneiros para todas as mudanças e transformações que tem ocorrido no comercio exterior dos países.

Já para Pedro Gomes Estevão, da Secretaria da Área de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), o Presidente Elson questionou qual a maturidade do setor privado na participação e colaboração das necessidades de toda essa nova dinâmica do Comex.  O Evento se caracterizou por algumas iniciativas inéditas, com grande participação de países africanos, falando especialmente dos países de língua portuguesa, pois foi a primeira vez que um evento como esse teve a tradução simultânea para este idioma.

”Sempre (evento como este) fantástico para troca de experiências e para verificarmos o que outros países podem estar fazendo de melhor e, quem sabe, entrar em nossas discussões e levar nosso aprendizado. Avalio, porém, um fator essencial que precisa ser melhor divulgado e tratado, é de como o Brasil está à frente de muitas discussões nesse sentido, no aspecto tecnologia. Nosso Portal Único ainda não está completo, mas caminhando para essa finalização até o final do próximo ano. Enfim, precisamos valorizar mais o trabalho da comunidade aduaneira no Brasil, dos órgãos públicos e dos intervenientes privados. Estamos no caminho certo, mas ainda temos muito a caminhar” finalizou Isayama.

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